Por que as startups morrem?

Começar um novo negócio nunca é fácil, principalmente se você for um empreendedor de primeira viagem. São tantas demandas que requerem sua atenção – sem contar um sem-número de outras que você nem imaginava que deveriam fazer parte do seu planejamento. Mas lá estão elas, subindo cada dia mais no ranking de prioridades.

Se esse é um cenário muito comum em empresas que operam com um modelo mais tradicional de negócio, para empresas que estão surgindo no mercado com uma ideia inovadora ou uma proposta diferenciada a tendência é que este início seja ainda mais complexo e desafiador.

Nasce uma startup

Um ideia bem concebida, colocada em prática por um time de primeira, e transformada em um produto ou serviço que tenha aderência e aceitação no mercado. Essa é a equação fundamental para se ter uma startup. Resultaria em sucesso garantido, não fossem as variáveis. Não que encontrar tríades com um equilíbrio perfeito entre esses elementos seja algo simples. Muito pelo contrário! A grande maioria requer ajustes nessa estrutura para começar a rodar.

Uma análise superficial de quais seriam as principais causas que levam uma startup a não dar certo poderia tomar como principal responsável a “ideia”. Uma ideia inovadora, apesar de brilhante, pode não reluzir na prática. A culpa poderia recair, ainda, sobre o “produto” ou o “serviço” oferecido, cujo senso de novidade pudesse encobrir um bad fit – não se encaixou no mercado. O que acaba por custar a vida de uma startup, porém, são os sócios. Mais especificamente, o número de fundadores à frente do negócio.

Morre uma startup

Uma pesquisa de 2014, elaborada pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, revelou que a principal causa da mortalidade de startups é o número de fundadores. Cada sócio a mais, que trabalha em tempo integral na empresa, aumenta em 1,24 vez a chance dela morrer.

A falta de resiliência tende a ser a grande vilã nessa história. Começos são difíceis, exigem que caminhos sejam escolhidos, decisões importantes sejam tomadas e isso tende a gerar muitos conflitos. Adicionalmente, quando interesses pessoais competem com interesses profissionais a propensão é que o negócio acabe levando a pior nessa batalha.

A pesquisa Causa da Mortalidade de Startups Brasileiras, que entrevistou fundadores de 221 startups do Brasil – 130 em operação, à época, e 91 fechadas -, verificou que 25% dos negócios morrem no primeiro ano de operação e 50% não chegam a completar 4 anos de vida.

O número de sócios, entretanto, é apenas um dos três fatores que se destacaram como as causas primordiais de mortalidade dessas empresas. O segundo motivo é o volume de capital investido no negócio, antes do produto ou serviço começar a ser vendido efetivamente. Despender uma grande quantidade de recursos logo no começo, antes da startup começar a faturar, pode mascarar uma demanda real do mercado em relação ao produto ou serviço que está sendo lançado.

Por fim, o terceiro motivo é o local onde a empresa se instala para dar início às suas atividades. Startups que começaram a operar em aceleradoras, incubadoras ou parques tecnológicos têm 3,45 menos chance de morrer em relação às que começaram em um espaço próprio, como escritórios ou salas comerciais. Além de absorver a experiência e o conhecimento de outros empreendedores presentes nesses lugares, os negócios que estão em fase inicial têm tempo para começar a tracionar antes de precisar arcar com os custos que uma estrutura operacional requer.

Cemitério de Startups

Uma iniciativa recente da Gama Academy – projeto de educação pensado para preparar talentos para o mercado de startups – mostra que os dados colhidos pela Fundação Dom Cabral, em 2014, são tão reais quanto atuais.

Com o objetivo de ajudar futuros empreendedores, eles criaram o Cemitério de Startups: um repositório de casos de fracasso, onde pessoas que já empreenderam contam os motivos que levaram seus negócios a acabar. A ideia é compartilhar informações, dividir aprendizados e, principalmente, desmistificar a ideia de que fracassar nos negócios é algo de que as pessoas devam se envergonhar – cultura muito enraizada no Brasil.

Com base na metodologia de Bill Gross, o Cemitério de Startups dividiu em 5 os motivos que levam as startups à morte: solução idealizada, time de fundadores, modelo de negócio, capital investido e lançamento muito cedo ou muito tarde. E, acredite, a principal causa mortis das empresas ainda está no time.

Aprender a fracassar para empreender melhor

Um dos mais influentes disruptores do Vale do Silício é o alemão Bjoern Lasse Herrmann. Além de fundador e CEO da Compass, ele ajudou a fundar a aceleradora Blackbox e coordena o projeto Startup Genome, que investiga os fatores que levam uma startup a sobreviver e alcançar o sucesso.

Depois de acompanhar a trajetória de mais de 12 mil startups que passaram pelo Vale do Silício, Herrmann constatou que 90% delas morrem por problemas internos de gestão, que poderiam ser evitados.

Um dos maiores desafios a que são submetidos os empreendedores permeia o desenvolvimento de uma inteligência para o negócio. Essa inteligência não está em saber tudo, sobre todos os assuntos, mas em formar uma rede de parceiros com os quais se pode contar para questões mais específicas – como um contador ou um advogado.

Entre as descobertas que Herrmann fez, estudando e pesquisando tantos casos de sucesso e, principalmente, de insucesso, está o fato de que empreendedores que estão sempre em busca de conhecimento são mais bem-sucedidos. Buscar conhecimento é assumir que não se tem todas as respostas. E tudo bem, porque o importante mesmo é conhecer quem as tem.


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